O nordeste é a região mais pobre do Brasil e é a que apresenta um dos índices mais baixos de desenvolvimento humano (IDH), com o menor nível de inclusão digital do país. Por viverem longe das condições de infra-estrutura básica, jovens, principalmente mulheres, tornaram-se alvos de graves problemas, diminuindo muitas vezes sua perspectiva e qualidade de vida.


Nesse contexto, que além de pobre também é marcadamente conservador e patriarcal, trabalha desde o ano 2000 uma organização chamada Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (GTP+), mais especificamente na cidade do Recife e em diferentes pontos do interior do Estado de Pernambuco. A missão: fortalecer e estimular a cidadania, o ativismo e a educação de mulheres e homens vivendo com o vírus HIV, doentes de AIDS e a população em geral no sentido de incentivar, orientar e desenvolver processos de prevenção.


O GTP+ atua nas áreas de prevenção, assistência e atuação política em DST/AIDS. No segmento de prevenção, leva adiante diversos espaços tais como o Grupo de Teatro de Rua “Turma da Prevenção” (que trabalha através de esquetes teatrais temas como gênero, relações de poder, sexualidade, cidadania, prevenção às DST/AIDS e vacinas preventivas e terapêuticas anti-HIV para serem debatidos em grupos de jovens e mulheres, escolas públicas de ensino fundamental e associações comunitárias), o Projeto Enfeitando a Vida Posithivamente “GERAART+” (projeto de geração de renda que atua através de oficinas de bijuterias contribuindo para uma ocupação produtiva-trabalho e geração de renda), entre outros.


O Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo tem um amplo grupo de beneficiários: homens y mulheres vivendo com HIV e AIDS, profissionais do sexo do gênero masculino (travestis e garotos de programa), mulheres, jovens e adultos jovens e idosos em situação de risco social e econômico.


No que diz respeito às articulações políticas, as instâncias de controle social e integração com as demais organizações da sociedade civil, o GTP+ se destacou por sua ação combativa em defesa das políticas de saúde e qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Entre as suas articulações políticas mais importantes, o GTP+ é membro do Fórum de Mulheres de Pernambuco e é parcero institucional do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia.


Na região nordeste e em âmbito nacional, a instituição tem uma participação expressiva nas instâncias de controle social e em espaços legítimos de construção de propostas em defesa da saúde pública e do investimento em pesquisas de experimentos de vacinas preventivas e terapêuticas anti HIV/AIDS.


Trabalhando desde o ano 2000, o GTP+ tem conseguido um impacto quantitativo verdadeiramente destacável: nos projetos desenvolvidos pela organização, atendem diretamente 500 pessoas vivendo com HIV e AIDS e 3.000 indiretamente. A essas cifras, se agrega a atenção brindada a 3.000 mulheres, jovens e idosos (e 12.000 indiretamente), a 1.100 familiares e companheiros/as de pessoas vivendo com HIV e AIDS, e finalmente a 200 garotos de programa e travestis em forma direita e 2.000 em forma indireta.


Desde 2003, a organização faz parte da rede Ação Digital Nordeste (ADN), uma iniciativa da Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), com apoio da IBM e da Interamerican Foundation, que promove a incorporação de 40 organizações sociais da Bahia, de Pernambuco e da Paraíba ao mapa digital.


Grande parte das organizações participantes da rede nordestina já adquiriu uma capacidade de usar estrategicamente o ambiente online: algumas contam com seu próprio telecentro comunitário e varias criaram sítios web onde publicam conteúdos gerados por elas mesmas.


Atualmente está sendo realizado o ADN II, a segunda fase do projeto. Em esta instancia, as organizações envolvidas estão aprendendo a utilizar o Moodle, uma ferramenta montada sobre software livre que permitirá a essas instituições oferecer cursos de educação à distancia trabalhando temáticas das mais diversas e complexas.


GenderIT.org perguntou a Wladimir Cardoso Reis, coordenador geral do GTP+, sobre os usos que planejam dar à plataforma de educação à distância que estão incorporando através de sua participação no ADN II. “Planejamos utilizá-la como instrumento de disseminação de informações de prevenção às DST/AIDS com as populações que trabalhamos, mais especificamente jovens, GLBT, garotos de programa "michês" e mulheres de vulnerabilidade social e econômica e que possam ter aceso e estimulo a informação digital”, assinalou Wladimir.


No nordeste, o conservadorismo de certos setores dificulta a realização de algumas tarefas em relação a prevenção de HIV-AIDS, especialmente quando se trata de mulheres e, mais ainda, quando estas realizam trabalho sexual.


Num marco assim, uma ferramenta de educação à distancia pode resultar sumamente proveitosa. Nesse sentido, entre os benefícios que esta ferramenta trará para o trabalho da organização em relação a HIV-AIDS, Wladimir mencionou varias vantagens. Uma delas é a não necessidade do contato pessoal, que possibilita proporcionar esclarecimento de duvidas a partir de aspectos íntimos de cada vivência sexual.


Em segundo lugar, posto que é uma política do GTP+ proporcionar informações atualizadas sobre a prevenção, o HIV, as DST, políticas públicas, serviços de saúde de referência as DST/AIDS, esta ferramenta permite a disseminação das informações através da internet, possibilitando um número ilimitado de adesões.


Carlos Antônio da Silva, co-coordenador do projeto Rede ADN II, comentou que “essa ferramenta tem colaborado muito com as organizações que tratam a temática de gênero, sexualidade e homofobia, pois podem realizar capacitações e encontros à distância, o que minimiza o risco e amplia o espectro de atuação”. E relatou o acontecido com uma das organizações que participam do projeto junto ao GTP+: “uma das organizações já teve seu computador – o único que possui e que recebeu através do projeto – totalmente destruído, junto com metade de sua sede. É uma organização chamada Renasce Companheira e está localizada no subúrbio de João Pessoa. Lá são trabalhadas questões de saúde e prevenção especialmente para mulheres e jovens, com um viés mais forte de trabalho com trabalhadoras sexuais. O final da história é: receberam um novo computador e continuam sua batalha auxiliando muitas pessoas”.


“Na medida que o projeto avança, vamos vendo diferentes usos, diferentes formas de apropriação e de difusão das ferramentas e dos conteúdos trabalhados. Quando pensamos em usar ferramentas para capacitação à distância, não tínhamos em mente que tal ferramenta também seria utilizada para minimizar o risco de um ataque físico a pessoas de organizações que trabalham questões ainda delicadas aqui no Brasil, principalmente em cidades do interior do nordeste”, concluiu Carlos Antônio.


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Otros artículos correspondientes a la edición:


Internet y activismo: se ignora el género en proyectos de TIC y VIH/SIDA de África (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=a&x=95446)


Reclamando nuestros derechos reproductivos en la red: el caso uruguayo (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=a&x=95435)


Tecnologia de informação e saúde tem nome de mulher (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=a&x=95447)


Otros recursos correspondientes a la edición:


Descentralización de la provisión de servicios de salud: una oportunidad para el empoderamiento de las mujeres y la transversalización de la perspectiva de equidad de género (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=r&x=95428)


Globalización, Género y Salud - De la investigación a las políticas públicas (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=r&x=95426)


Globalización, género y salud: Relación entre la investigación y la generación de políticas (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=r&x=95425)


Acceso a información sobre salud sexual y reproductiva a través de la comunicación digital (http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=r&x=95424)

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